sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

PAI, QUERIDO CARPINTEIRO



Querido carpinteiro
Amigo de todas as horas
Verdadeiro e único companheiro.
Como tu eras forte e cheio de esperança
Mas na minha ingênua ignorância
Sua atitudes nem sempre eram corretas.
Homem bruto e rude como pedra
Suas regras eram rígidas e tinham punições severas
Presente em minha alma a cada amanhecer
Por Deus, a minha rebeldia não permitia compreender
Suas razões e preocupações de pai.
Mas no dia em que a tumba lacrou seus restos mortais
Pude compreender o quanto era valiosa a sua preocupação
Para o processo evolutivo de minha formação.
Neste momento meus olhos lacrimejam, foge-me os vocábulos.
Lembranças do passado toma-me por inteiro.
Meus pensamentos materializam-se e trazem a mim
A presença do querido pai carpinteiro.
Foram momentos indescritíveis de felicidade
Que só a espiritualidade pode nos oferecer.
Quantas saudades, anos se passaram
Meus cabelos branquearam-se deixando-me igualmente a você
Agora posso compreender suas atitudes,
Enxergar qualidades e virtudes, entender erros e defeitos.
Assim foi fácil perceber que você queria-me do seu jeito.
Por tudo, eu quero agradecer-lhe em prece,
Pela palavras bruscas que invadiam meu ser,
Elas serviam-me de advertências.
Pelos gestos firmes e fortes que amedrontavam-me,
Elas continham respeito e cordialidade.
Pelas palmadas que arderam na minha carne e no meu coração,
Elas fizeram-me homem e cidadão.
Por todo amor que sempre recebi e por toda minha ingratidão,
Venho humildemente suplicar-lhe o perdão.
Porque jamais poderia compreender
Que tais atitudes seriam simplesmente para me proteger.
Obrigado meu pai, querido carpinteiro
Meu eterno amigo e fiel companheiro.

AUTOR - JOSÉ AUGUSTO CAVALCANTE

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