sexta-feira, 3 de outubro de 2008

ARROGÂNCIA DO FILHO E O SILÊNCIO DA MÃE



Mãe,
Depois que cresci e me fiz homem
Jamais te busquei pra compartilhar das minhas alegrias.
Logo você que me ama com idolatria,
Que um dia num ato de prazer e amor,
Depois num gesto de dor,
Chorou, gritou, sofreu, deu-me a luz,
Agradeceu a Jesus por minha vinda,
Me pôs no colo do seu jeito,
Alimentou-me no peito,
Quer cuidar de mim ainda.
Não entende que sou rico e importante,
Fiquei avarento e arrogante
Não tenho tempo pra você,
Lembro-me das poucas visitas que lhe fiz,
Quanto tempo eu perdi
E foram apenas monólogos,
Em seguida um até logo,
Mesmo assim encheu-me a paciência,
Reclamando da minha ausência,
Sempre o mesmo papo furado,
Querendo dá-me um abraço,
Chamando-me de filhinho,
Eu saindo de fininho
Pra você não perceber.
Quando é que você vai entender
Que fiquei rico e importante,
Tenho dinheiro, amigos, mulheres e amantes,
Não posso perder tempo com você.
Mas, os anos passaram,
Fiquei velho, doente, prostrado e rejeitado
Sentindo a morte chegando voraz,
Tudo que conquistei vão ficando para traz,
Meus bens materiais que tanto amei irão se dividir,
Pessoas que não conheci irão usufruir
E ainda irão ri da minha estupidez,
Por que trabalhei tanto e nunca aproveitei,
Parentes que me amavam e não ajudei,
Noutra vida Deus não permitirá a eles o mesmo apego,
Para que eu sinta e sofra a dor do desprezo
Das pessoas que tanto me amou e eu desprezei.
*
Autor - José Augusto Cavalcante

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